A Cardiomiopatia Hipertrófica (CMH) é uma doença genética autossômica dominante que causa um aumento assimétrico dos miócitos, principalmente no septo basal. Isso leva à fibrose intersticial e disfunção cardíaca, aumentando o risco de morte súbita em atletas.
Estudos nos EUA mostraram que a CMH foi responsável por 36% das mortes súbitas em atletas, mas análises recentes reduzem essa estimativa para 10,3%, com um aumento significativo da incidência em atletas jovens competitivos. Fatores como desidratação e estresse podem desencadear arritmias letais nesses pacientes. A gestão da atividade física em portadores de CMH é desafiadora e muitas vezes confunde-se com Coração de Atleta. Inicialmente, recomendações desencorajavam esportes competitivos intensos, visando diminuir o risco de arritmias, mas isso resultava em sedentarismo e outros riscos cardiovasculares. Estudos posteriores mostraram que o risco de morte súbita era baixo e que o exercício poderia ser benéfico, inclusive para aqueles considerados de alto risco, sugerindo a inclusão deles em programas de reabilitação cardíaca. As opiniões sobre os critérios de risco e recomendações divergem entre diferentes entidades médicas, como a Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC) e a Associação Americana do Coração (AHA). A ESC enfatiza a estratificação de risco para decisões, enquanto a AHA considera mais a individualidade do atleta e a modalidade esportiva. A Sociedade Brasileira de Cardiologia, em 2019, destacou a importância da cautela ao aplicar essas recomendações, alertando para a falta de consideração de fatores genéticos e de imagem. Em suma, a gestão da atividade física em portadores de CMH envolve um equilíbrio complexo entre os riscos de arritmias letais e os benefícios do exercício, exigindo uma abordagem individualizada e consideração de múltiplos fatores, incluindo genética e imagem cardíaca.